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Viagens sem Fronteiras

Viagens sem Fronteiras

Best of Tuscany

13 de agosto de 2017.

 

Foi o melhor dia passado na Toscânia, como também a maior oportunidade de conhecer esta bela região, conhecida pelas suas plantações vinícolas e pelos campos verdes.

Assim, optamos por pesquisar diversas agências de excursões que nos possibilitasse a oportunidade de visitar a Toscânia num dia. E que dia espetacular! Valeu cada cêntimo gasto!

Mais uma vez, pesquisamos a biblia do turismo chamada Tripadvisor e descobrimos a agência que reunia o maior número de opiniões positivas: Walkabout Florence Tours (https://www.tripadvisor.pt/ShowUserReviews-g187895-d1799599-r512694832-Walkabout_Florence_Tours-Florence_Tuscany.html#REVIEWS). Esta agência tem ao dispor diversas tours, desde visitas pela região da Toscânia, passando por uma caminhada na belissima zona de Cinque Terre (que com muita pena minha, acabei por não visitar). A escolha recaiu na tour "Best of Tuscany", que nos custou 90 euros. Esta tour consistiu em quatro paragens: Siena, Fattoria Porro Alegro (uma quinta vínicola, onde almoçámos e fizemos uma degustação de vinhos...tão toscano!), San Gimignano e Pisa. Um dia inteiro para explorar os prazeres toscanos que, se calhar, não conseguiriamos por meios próprios.

O dia iria começar muito cedo. Às 8:30h, lá estávamos junto à Estação Ferroviária, incluídas na enorme fila que se ia formando para esta tour. O grupo foi acompanhado por uma jovem guia polaca chamada Olivía (que nos confessou que adorava a cidade do Porto, por ter vivido lá durantes uns tempos) e pelo motorista, de seu nome Salvatore. Ambos simpáticos e atenciosos.

A primeira paragem seria em Siena, que já conheciamos minimamente. No entanto, desta vez, o grupo seria acompanhado por uma outra guia que nos explicou um pouco mais sobre este local medieval. As estreitas ruas de Siena estavam apinhadas de locais e turistas, os edificios enfeitados com diversas bandeiras com um determinado animal. A cidade estava muito colorida e respirava agitação e alegria. Estávamos em plena época do Palio, provavelmente o maior evento anual de Siena, e aquele que atrai um enorme número de turistas. 

 

 

Mas então o que é o Palio? É um evento, em homenagem à Nossa Senhora, em que participam 17 paróquias de Siena e que ocorre nos dias 2 de julho e 16 de agosto. Consiste numa corrida de cavalos entre as 17 paróquias, cujos cavaleiros vestem-se com trajes tradicionais. A cidade fica aperaltada de bandeiras de diversas cores e congrega imensas pessoas. Esta festa religiosa já se realiza desde o Séc. XVII na famosa Piazza del Campo, que tem um formato de arena. Os cavaleiros competem trajados com monturas e carregam bandeiras das suas paróquias. O cavalo que chegar primeiro, após três voltas ao redor da praça, ganha o Palio, um estandarte criado exclusivamente para este evento. As 17 paróquias são: Aquila, Bruco, Civeta, Chiocciola, Drago, Girrafa, Istrice, Leocorno, Lupa, Nicchio, Oca, Onda, Pantera, Selva, Tartuca, Torre e Valdimontone. A corrida em si é feita somente por dez cavalos, cada um de uma “contrada” (paróquia ou bairro), de três regiões da cidade, que são escolhidos por sorteio. Cada bairro tem suas cores e hino. Nos dias de corrida, os habitantes e turistas concentram-se no centro da Piazza del Campo para assistir ao evento. As arquibancadas ao redor da praça ficam cobertas de torcedores organizados (contradaiolos) que cantam os hinos de cada contrada. Existem rivalidades bastante profundas entre estes bairros e foi engraçado ver os locais com as bandeiras e lenços ao pescoço de diversas cores, cada um representando o seu bairro.

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Depois de passar pela agitação provocada pelo Palio, chegamos ao Duomo de Siena para visitar o Complesso Museale Santa Maria Della Scala, que, como o nome indica, é enorme e ocupa boa parte da zona histórica, mesmo em frente à Catedral. Aqui podemos visitar autênticos tesouros históricos como o Pellegrinaio, a Capella del Manto, a Velha Sacristia, a Capella della Madonna, a Igreja da Santissima Anunciação, os Oratórios da Compagnia di Santa Caterina della Notte e de Santa Maria Sotto le Volte. Também podemos visitar o Museu Arqueológico, o Museu de Arte para Crianças, o Centro de Arte Contemporânea e outros espaços reservados a eventos temporários.

 

 

Depois da renhida agitação de Siena, o grupo voltou à estrada para a próxima paragem em plena paisagem verde e campestre da Toscânia. O belo dia de sol realçava com mais grandiosidade os campos verdes desta região. A próxima paragem seria a uma quinta vínicola designada https://www.tripadvisor.pt/Attraction_Review-g187901-d1990609-Reviews-Fattoria_Poggio_Alloro-San_Gimignano_Tuscany.html, perto de San Gimignano (que iriamos visitar mais tarde).

De facto, o local parecia ter saído de um quadro... as cores verdes da planicie, o azul vivo de um céu limpo e veraneante, deixaram-nos de olhos esbugalhados e bocas abertas a vislumbrar aquele cenário idilico toscano. Senti-me tão felizarda por poder apreciar o momento...a paisagem...as pessoas. Daqueles momentos únicos que podemos viver, se quisermos e podermos. E eu tive o privilégio de o sentir e viver.

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Esta quinta vínicola, situada a 5 kms de San Gimignano, cujas torres se podiam ver ao longe no horizonte, rodeia-se de colinas verdejantes e luxuosas. É um negócio de família, onde pais e filhos trabalham em equipa, diariamente. Atualmente, a quinta consiste em 100 héctares e é completamente orgânica. Nesses héctares podemos observar diversas plantações de uvas, milho, girassóis, trigo, entre outros.

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A visita à quinta incluía conhecer o processo de produção orgânica e que culminou na degustação de vários vinhos, entre os quais o Chianti, num almoço onde podemos comer spaghetti e provar queijos, presuntos, salames e azeite, todos produzidos na quinta. 

 

 

Foi dos melhores almoços que eu alguma vez estive presente e, tirando a Joana, estava no meio de um enorme grupo de desconhecidos...na sua maioria, casais americanos. Ficamos na ponta de uma enorme mesa de madeira, onde  podemos vislumbrar as esplêndidas paisagens das colinas toscanas. Aprendi a tentar degustar vinhos... não almejo ser enóloga, mas aprendi a saborear um vinho, não só através do palato, mas também do olfacto. E conclui que não fiquei nada entusiasmada com o Chianti. Muito amargo, por sinal. Gostei mais do vinho verde, também produzido na quinta. Ao nosso lado, estava um típico casal americano... loiros, de olhos claros, turistas de alma e coração.Já não me recordo dos seus nomes, mas recordo-me que ele era um verdadeiro patriótico e que apoiava a 100% Donald Trump, como qualquer outro presidente americano. Mas, no geral, era tudo boa gente que queria viver aquela maginifica experiência toscana.

 

 

A seguir ao repasto, a próxima paragem seria a cidade medieval de San Gimignano. A parte histórica da cidade, conhecida como San Gimignano delle belle Torri, foi um importante ponto para as peregrinações até Roma pela Via Francigena. As famílias de patrícios que controlavam a cidade construíram cerca de 72 torres-casa (algumas atingem 50 m de altura) como símbolo do seu poder e riqueza. Atualmente, só existem 14 dessas estruturas, mas San Gimignano mantém a atmosfera feudal de outrora e é muito procurada pelos turistas. A pequena localidade contém muitas obras de arte datadas dos séculos XIV e XV.

Localizada numa colina com vista para o Val d’Elsa, iniciamos a visita ao longo da Via San Giovanni, o eixo central do Francigena, entrando na cidade pela Porta San Giovanni, que nos levou ao centro da mesma.

O local encontra-se repleto de lojas de souvenirs, bares e restaurantes, sendo difícil escapar às multidões. Mas, a verdadeira visita começa após o arco da porta, à direita,  onde ficam as ruínas da Igreja de San Francesco, com a fachada em estilo românico pisano de influência oriental. Na época de seu desenvolvimento máximo, a Igreja era um abrigo para os peregrinos e viajantes, em seguida, tornou-se um mosteiro franciscano. 

Subimos a Via San Giovanni até à praça principal, e a mais bonita, a Piazza della Cisterna, cercada por casas-torres medievais. A praça em forma de triângulo invertido é inteiramente pavimentada com tijolos, e seu nome foi dado graças à cisterna octagonal de água, realizada de travertino, localizada no centro e que servia para a colecta e conservação da água para a população. 

Nessa praça fica situada uma das maiores atrações da cidade, a Gelataria Dondoli (https://www.tripadvisor.pt/Restaurant_Review-g187901-d2015819-Reviews-Gelateria_Dondoli-San_Gimignano_Tuscany.html), premiada e conhecida em todo o mundo. Com filas intermináveis de turistas, incluindo eu, a derreteram-se debaixo de um sol escaldante por causa de um extraordinário gelatto... e não é que supera as expectativas?

Do outro lado da praça, abre-se o caminho que conduz à Praça da Catedral, dividida pela Loggia del Comune, e onde se pode ver as torres gémeas dos Ardinenghi e a Torre Pellari. E ligada à Piazza della Cisterna, fica a vizinha Piazza del Duomo, que juntas formavam o verdadeiro coração da cidade, onde no passado ficava a vida pública e o mercado. Esta praça impressiona o turista pela riqueza dos edifícios circundantes, como o Palazzo del Podestà com a Loggia del Comune, a Torre Grossa e as torres gémeas dos Salvucci, que nos fazem viajar no tempo. A partir de uma escada, encontramos a Collegiata, também chamada de catedral e Duomo, em frente ao Palazzo Vecchio del Podestà, da Torre Rognosa e da Torre Chigi. A Catedral foi construída em 1100 e é uma das mais bem preservadas, no estilo toscano românico. 

A seguir à medieval cidade de San Gimignano, rumamos para outro destino esperado com alguma expectativa... Pisa! Sim, onde fica uma torre inclinada muito famosa, nem que seja por proporcionar figuras rídiculas dos turistas. O núcleo das atrações turísticas de Pisa situam-se na Piazza del Miracoli (Praça dos Milagres), como a famosa torre, o Batistério e a Catedral... todas magnânimas!

Esta praça, composta por um relvado verdejante, é composta pela Catedral, que começou a ser construída em 1063, foi consagrada em 1118. A sua magnifica fachada foi acrescida de uma cúpula eliptica em 1380 e serviu de modelo para subsequentes igrejas, de estilo românico, que foram construídas na Toscânia. Foi paga com os espólios de uma batalha naval que ocorreu em 1063 entre italianos e arábes. 

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Outra das atrações é o Batistério, constituido por cúpulas, cuja construção começou em 1152, tendo sido remodelado e continuado por Nicola e Giovanni Pisana um século depois, finalizado no Séc. XIV.

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Contudo, a maior atração de todas é, sem duvida, a Torre Inclinada, de 56 metros, considerada o campanário da Catedral. A sua construção durou quase 200 anos e, ao longo dos tempos, a sua inclinação foi aumentando devido a um fraco subsolo, tendo sido estabilizada na década de 1990. A sua construção começou em 1173, supervisionada pelo arquitecto Bonanno Pisano, mas ao fim de algum tempo, foi forçado a abandonar a construção, quando ela começou a inclinar. A construção continuou a partir de 1272, com artesãos a tentarem fortalecer as fundações, mas sem sucesso. Só ficou totalmente completa na segunda metade do Séc. XIV.

Só podem aceder à torre 45 pessoas em cada visita, que dura 35 minutos e consiste em se fazer uma subida vertiginosa de 251 degraus, meio escorregadios. Não aconselho para quem tem vertigens e pelo preço de admissão: 25 euros! De resto, é um excelente cenário para umas fotografias engraçadas.

 

 

E com chave de ouro terminou esta tour que, apesar de cara, valeu bem o dinheiro que custou. Boa organização, bons profissionais e um bom grupo de convivio fizeram deste dia um dos melhores desta viagem italiana. Recomendo vivamente gastar dinheiro neste tipo de tour.

 

Fontes:

DK Eyewitness Travel. Italy 2017;

http://fattoriapoggioalloro.com

https://passeiosnatoscana.com/2016/11/20/o-que-ver-em-san-gimignano-mapa-gratis-em-portugues/

https://www.lonelyplanet.com/italy/pisa/attractions/piazza-dei-miracoli/a/poi-sig/1269518/360065